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21/11/2018

“AI-5: ensinar, debater... esquecer jamais” foi o tema escolhido pelo curso de História para a Semana Acadêmica Científico-Cultural

Entre os dias 22 e 25 de outubro, o Curso de História da FESB promoveu um de seus mais importantes eventos: a XIX Semana Acadêmica Científico-Cultural (Semacc). E este ano, o tema escolhido foi AI-5: ensinar, debater... esquecer jamais. Segundo a coordenadora do curso Profa. Dra. Renata Cardoso Belleboni Rodrigues, quando a temática foi escolhida, em dezembro de 2017, não imaginavam que o evento ocorreria num momento tão crítico da política brasileira. “Uma feliz coincidência, uma vez que foi possível trazer, para todo o público, questões caras à nossa história”, afirmou.

A semana foi aberta com o espetáculo teatral Véritas: o vale da penitência. A peça encenada pelo grupo teatral Artaud (Atibaia) e dirigido por Wellington Duran, retratou a história de um grupo de militantes que, durante os anos da Ditadura Militar, no Brasil, discutem se pegarão em armas ou se reivindicarão a liberdade democrática de maneira pacífica pós implantação do AI-5. Em meio à causa estudantil, torturas e mortes nos porões do DOI-CODI revelam a falência das relações humanas e a triste história do nosso País. “As cenas de torturas comoveram o público. Muitos, visivelmente emocionados, tomaram conhecimento de que devemos lutar por um país livre, que respeita a diversidade de pensamento e de experiências. Foi fantástico!”, considerou a coordenadora.

No segundo dia do evento, o advogado, mestre em Direito Processual Civil pela PUC – Campinas, José Eduardo Suppioni de Aguirre relatou suas experiências vividas no período de 1964-1985. Perseguido pelo regime, não foi torturado fisicamente, mas sofreu pressões psicológicas igualmente marcantes. “História dos bastidores do movimento de resistência, a amizade com José Serra, a fundação e atuação da Juventude Revolucionária Bragantina entre tantas outras vivências foram narradas como histórias contadas de um avô para seus netos”, relatou Renata Rodrigues ao acrescentar que o público pôde sentir e entender a definição de que a “história é viva”. No mesmo dia participaram a Conselheira Secional da OAB, Regina Miguel, o delegado de polícia Marcelo Fábio Vita e o professor Fernando Marciano de Oliveira “Neste dia, as histórias saíram dos livros”.

Desenhando a ditadura: caricaturas e charges sobre o Brasil de 1964-1985, foi o tema abordado no terceiro dia do evento pelo professor Rafael de Almeida Serra Dias. “As imagens apresentadas ratificaram que a memória é a construção de um discurso e que a proliferação destes, construindo, reconstruindo e desconstruindo narrativas sobre esse período da história do Brasil ocorreu especialmente entre os cartunistas e caricaturistas.”, disse a coordenadora. 

No encerramento, dia 25 de outubro, o grupo musical Ghaya abriu os trabalhos com a apresentação de bossa nova, jovem guarda, tropicalismo e músicas de protesto, composições dos anos 1960 e 1970. Na sequência, o professor Edmilson Nogueira falou sobre “A Educação na perspectiva da morte”. Para aprofundar no tema, antes abordou os diferentes conceitos de tempo enquanto uma construção histórica e cultural. Enfatizou que embora hoje se faça uso da expressão “tempo é dinheiro”, a antiguidade grega o pensava de duas formas: enquanto Cronos, a divindade que personificava o tempo linear, aquele que colocava ao homem grego a reflexão sobre a sua morte, como também tempo enquanto Kairós, o tempo da intensidade, o saber viver com o significado. O professor ainda destacou que, na atualidade, as pessoas vivem na ilusão que sempre serão “eternamente jovens”. Diante do exposto apontou que, para elaborarmos uma educação na perspectiva da morte, temos que ensinar os nossos educandos a olharem o mundo pelo tempo do Kairós e que a vida tem um sentido e que morrer é um processo natural e que temos que envelhecer

Durante todo o evento, uma exposição explicativa sobre o contexto de implantação e vigência do AI-5 foi apresentada ao público. Também foi montada uma sala com as descrições das torturas mais utilizadas e com depoimentos de torturados. Este espaço ganhou o nome de “Casa da vovó”, uma das denominações dadas aos locais escolhidos pelos agentes do terror para cometer todo tipo de atos desumanos. Com a  organizada pela professora Olinda de Cássia Garcia Sando, no saguão da FESB ainda foram exposto banners, onde os temas dos TCCs dos alunos do 6º semestre ganharam atenção e destaque.

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